Demonstrações, a aprendizagem do grupo e os níveis de conexão

 

O treinamento Matrix-Hakomi, metodologicamente falando, é guiado por elucidações teóricas e momentos experenciais. Realizamos práticas e exercícios em dupla, trios e pequenos grupos, além das demonstrações, que podemos dizer que ao lado do Coffebreak são um dos momentos preferidos ao longo da semana. risos

Geralmente, são feitas demos tanto de etapas ou sessões completas do Hakomi quanto de exercícios mais específicos de prática individual ou em grupo. Na maioria das vezes as instrutoras (Mukara Meredith e Jaci Hull) convidam alguém ou deixam a cargo de algum aluno se voluntariar, caso se sinta convocado. A partir daí, pode haver demonstrações para o grupo todo, ou nos dividimos em dois grupos menores. De ambas as formas, o aprendizado é extremamente enriquecedor.

É por meio delas que, ao mesmo tempo temos um pouco da vivência de uma sessão, podemos ocupar o lugar de observador e/ou de assistente (recurso utilizado em sessões Hakomi) ou acompanhar um processo de facilitação. Além disso, sempre após as demonstrações temos um momento importantíssimo de troca, dúvidas e questionamentos sobre o que acabamos de assistir ou participar. Um momento de tanta generosidade que inspirou o tema desse post, uma vez que as demonstrações são prova  de uma experiência viva de aprendizado e conexão. Não é raro que nossas práticas e compartilhamentos inspirem, provoquem uns aos outros insights e processos de cura.

Nesse sentido, durante o curso, aprendemos a prestar atenção em três níveis da conexão: Intrapessoal, Interpessoal e o Campo.

MatrixWorks oferece uma abordagem energética sutil da facilitação — monitorando constantemente o que está acontecendo dentro de nós mesmos, entre as pessoas, e dentro do grupo como um todo. Prestar atenção nesses três níveis oferece uma abordagem nova e empolgante que nos incentiva a ver o grupo como um sistema vivo/ser vivo. (Mukara Meredith e Lisa Rome – “Um guia positivo para o domínio da facilitação e da inteligência dos grupos”, 2017) 

         

Intrapessoal:  

O nível intrapessoal diz respeito a experiência interior de cada um. É nossa vivência interna. Ainda que não se saiba exatamente o que se passa, nesse nível é importante demonstrar que há atenção e cuidado a cada membro.  Estamos monitorando cada indivíduo e o impacto que o grupo está tendo neles?*

Interpessoal: 

É o nível da conexão entre os membros. É um dos que mais se fazem presente durante a formação, uma vez que uma parte importante do treinamento tem a ver com aprender a trabalhar, ser membro e líder de subgrupos. Muitas e muitas vezes compartilhamos experiências e, através dessa conexão sutil e profunda, colhemos e semeamos grandes aprendizados.  Quando isso não acontece, enquanto facilitadores podemos questionar Como posso ajudar as pessoas a conectarem-se umas com as outras?“*

Campo:

O campo se refere ao grupo como um todo. Tudo o que se manifesta entre todos e o ambiente do grupo. É uma percepção que pode ser tanto viva e evidente quanto misteriosa e sutil. São as mudanças que ocorrem em todo o grupo quando alguém se manifesta. Nesse nível percebe-se por exemplo o impacto que exercemos uns nos outros e também nosso nível de unidade e conexão. Quais são as propriedades emergentes que vêm de todos os indivíduos juntando-se?“* Em muitos momentos do Treinamento esse tipo de conexão é explorada.

Ter consciência e estar consciente de cada um desses níveis, nos permite uma maior amplitude e sabedoria em relação ao processo como um todo, seja ele terapêutico ou pedagógico, além de abrir espaço para explorar mais possibilidades de conexão e aprendizado.


*Perguntas retiradas do livro “Um guia positivo para o domínio da facilitação e da inteligência dos grupos” (2017), de Mukara Meredith e Lisa Rome

Texto e revisão: Tulane Paixão e Adrianne Ogêda.