Como diria a nossa Mestre Mukara, crescer é um impulso “revolucionário” de todo organismo vivo. E um grupo, visto como organismo vivo, naturalmente buscará uma faísca, seja ela destrutiva ou criativa como gatilho de seu movimento em direção à cura e ao desenvolvimento. É tão natural quanto nascer, crescer, amadurecer, envelhecer e morrer. Sabemos disto. Pode-se dizer que é parte do que chamaríamos de organicidade do sistema, ou simplesmente a inteligência natural dele. De uma forma ou outra, ele cresce em seu tempo.
No último bloco, uma destas faíscas me chamava a atenção como um tema de segundo plano: DESAPEGO E EXPANSÃO DE LIMITES.
O espaço tão confortável e caloroso, também fez seu movimento como organismo vivo e simplesmente mudou de propósito, de identidade. Fechou as portas para nossos encontros pois decidiu virar residência e não hospedaria. Isto nos deu uma sensação de acelerar uma despedida que não desejávamos, mas não tínhamos como evitar.
Despedir em gratidão foi como aceitar a impermanência das coisas, sem perder nada do que foi trocado, aprendido, experimentado.
Saímos levando conosco toda a nossa construção coletiva e um “campo já cultivado” para ser plantado em novas paisagens.
Deixar partir é exercitar nossa sabedoria de “fluídos”. Mas não é tão simples abrir mão do que já é familiar e lançar-se no desconhecido para mais uma etapa desta jornada tão intensa. Mais ainda quando se está revelando estratégias de caráter (conteúdo desses últimos módulos) que passamos tanto tempo escondendo de nós mesmos. Este foi mais um exercício de desapego de auto imagens e auto conceitos, habilmente utilizados em proteção do que há de mais profundo em nós. Ao mesmo tempo, uma nova perspectiva de fluir uma percepção mais limpa de quem somos nós mesmos.
É, meus colegas, crescer tem lá seus desafios. Uma pequena morte dentro da vida. Como o fogo que sacrifica a parafina para produzir luz, vamos trilhando esta jornada recheada de descobertas. No próximo módulo, talvez eu queira experimentar um pouco mais da sabedoria das células. Afinal, é lá que está a habilidade de transformação, a disponibilidade de ser o que for preciso. Penso que deve ser uma forma de experimentar liberdade.
Quando NOVEMBRO chegar…
O Centro Cultural João XXIII foi o espaço que abrigou nosso treinamento até este último mês, com o módulo 7. Um espaço caloroso, espaçoso e confortável no qual teremos muitas recordações. Era nossa casa durante os seis dias de estudo e prática.
Texto: Clara Paiva
Edição: Tulane Paixão